Mundo
Guerra na Ucrânia
Putin não abre mão do Donbass. "Ou libertamos à força ou tropas ucranianas saem"
Vladimir Putin promete que a Rússia tomará a região do Donbass a qualquer custo, enquanto os ucranianos se preparam para novas conversações de paz com os Estados Unidos.
O presidente russo, Vladimir Putin, voltou a advertir que as tropas ucranianas devem retirar-se da região do Donbass, no leste da Ucrânia, ou a Rússia irá tomá-la, rejeitando qualquer acordo sobre como terminar a guerra na Ucrânia.
“Ou libertamos estes territórios à força, ou as tropas ucranianas deixarão estes territórios”, disse ao jornal India Today. Moscovo controla cerca de 85 por cento do Donbass.
Segundo a agência estatal russa TASS, Putin acrescentou que o Kremlin “libertará Donbas e Novorossiya de qualquer forma – por meios militares ou outros". Jornal da Tarde | 5 de dezembro de 2025
"Terminaremos quando atingirmos os objetivos definidos no início da operação militar especial, quando libertarmos estes territórios. É só isso", sublinhou Putin quando questionado sobre o que constituiria uma vitória para a Rússia no conflito que começou em fevereiro de 2022. Moscovo controla atualmente cerca de 20 por cento do território ucraniano.Apesar das declarações de Putin, as forças russas só conseguiriam tomar toda a região de Donetsk (que fica no Donbass) em agosto de 2027 se mantiverem o ritmo atual de avanço, segundo uma análise do Instituto para o Estudo da Guerra, um observatório de conflitos com sede nos EUA.
Uma das maiores exigências do Kremlin é que a Ucrânia ceda território na região do Donbass, que a Rússia anexou ilegalmente, mas ainda não conquistou por completo. Novorossiya, ou Nova Rússia, é um termo histórico que se refere aos territórios a oeste durante o Império Russo. Putin fez renascer o termo e utilizou-o ao declarar a península ucraniana da Crimeia como parte da Rússia em 2014.
À medida que a Rússia intensifica estas exigências territoriais, que as autoridades ucranianas continuam a rejeitar, o caminho para qualquer acordo parece cada vez mais incerto. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, já afastou a cedência de território.
Os comentários de Putin surgem depois de Donald Trump ter dito que os seus negociadores, que discutem um plano de paz com os EUA, acreditam que o líder russo “gostaria de acabar com a guerra” após as conversações de terça-feira na capital russa.
Para Donald Trump, as conversações de terça-feira no Kremlin foram “razoavelmente boas”, acrescentando que era demasiado cedo para dizer o que iria acontecer, pois “são precisos dois para dançar tango”.
O Kremlin afirmou esta sexta-feira que Moscovo aguardava uma resposta de Washington após a reunião na Rússia.
"Estamos a aguardar a reação dos nossos colegas norte-americanos à discussão que tivemos na terça-feira", disse Yuri Ushakov, conselheiro do Kremlin, citado pela RIA.
O conselheiro do Kremlin acrescentou ainda que não havia planos para uma chamada telefónica entre Putin e Trump, e não tinha sido definida qualquer data para um novo encontro com Witkoff.
A versão original do plano de paz dos EUA propunha a transferência de áreas do Donbass ainda sob controlo ucraniano para o controlo russo, mas a equipa de Witkoff apresentou uma versão modificada em Moscovo.
Na entrevista ao India Today, Putin acrescentou que não analisou a nova versão antes das conversas que manteve com Witkoff e Jared Kushner, genro de Trump. "É por isso que tivemos de rever cada ponto, é por isso que demorou tanto tempo", disse o homem forte do Kremlin.
Afirmou ainda que Moscovo discordava de partes do plano americano. "Em alguns momentos, dissemos que sim, podemos discutir isso, mas não podemos chegar a um acordo", afirmou Putin.O presidente russo não especificou os pontos de discórdia. Mantêm-se pelo menos dois pontos significativos de divergência: o destino do território ucraniano ocupado pelas forças russas e as garantias de segurança para a Ucrânia.
O principal conselheiro de política externa e negociador-chave de Putin, Yuri Ushakov, afirmou logo após as negociações que estas não produziram "qualquer compromisso" sobre o fim da guerra.
Ushakov também deu a entender que a posição negocial da Rússia tinha sido reforçada graças ao que Moscovo considerou os seus recentes sucessos no campo de batalha.
A Ucrânia tem acusado repetidamente a Rússia de obstruir quaisquer acordos de cessar-fogo, alegando que Moscovo procura ocupar mais dezasseis territórios ucranianos.Índia “não é neutra na guerra”
O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, afirmou, por sua vez, ao presidente russo que o seu país não mantém uma posição neutra em relação ao conflito na Ucrânia, mas antes alinha ativamente em prol da paz."Nos últimos dias, sempre que conversei com líderes da comunidade internacional e discutimos este assunto em detalhe, sempre afirmei que a Índia não é neutra. A Índia tem uma posição clara, e essa posição é a favor da paz. Apoiamos todos os esforços em prol da paz", declarou o líder indiano.
A declaração foi feita durante o início das conversações oficiais na cimeira anual que os dois líderes estão a realizar em Nova Deli, Índia.
No seu discurso televisivo na abertura da reunião, Modi enfatizou a urgência de pôr fim ao conflito através do diálogo e da diplomacia.
"Apoiamos uma solução pacífica", afirmou o presidente indiano a Putin, fazendo uma distinção semântica fundamental face às críticas ocidentais que interpretam frequentemente a abstenção da Índia na ONU como indiferença ou apoio tácito a Moscovo. Jornal da Tarde | 5 de dezembro de 2025
A declaração de Modi procura redefinir a posição estratégica de Nova Deli num momento de pressão internacional.
Putin, em resposta, agradeceu a Modi a sua atenção e os esforços que visaram a resolução do conflito.“Tivemos a oportunidade — e vocês deram-me essa oportunidade — de falar detalhadamente sobre o que está a acontecer na Ucrânia e sobre as medidas que estamos a tomar em conjunto com outros parceiros, incluindo os Estados Unidos, rumo a uma possível solução pacífica para esta crise”, realçou Putin.
Para Putin, “à medida que os países e economias crescem, as oportunidades de cooperação expandem-se. Estão a surgir novas áreas: alta tecnologia, trabalho conjunto em aviação, espaço e inteligência artificial. Temos uma relação de grande confiança no domínio da cooperação técnico-militar e pretendemos avançar em todas estas áreas".
Embora a Índia não tenha condenado explicitamente a invasão que começou em 2022 e se tenha tornado o segundo maior comprador de crude russo, o primeiro-ministro insistiu que a solução não virá do campo de batalha.
Índia é o maior importador de armas e petróleo
Putin está na sua primeira visita à Índia em quatro anos, com o objetivo de impulsionar o comércio com o principal comprador de armas e petróleo marítimo da Rússia, enquanto as sanções ocidentais restringem os seus laços de décadas.
As sanções impostas pelo presidente norte-americano, Donald Trump, aos produtos russos devem-se às compras de petróleo russo pela Índia. Moscovo, que tem sido o principal fornecedor de armas da Índia durante décadas, afirmou que deseja importar mais produtos indianos num esforço para aumentar o comércio para 100 mil milhões de dólares até 2030, que até agora tem sido desequilibrado a seu favor devido às importações de energia de Nova Deli.
Desde que os países europeus reduziram a sua dependência da energia russa após a invasão da Ucrânia pela Rússia, a Índia aumentou as suas compras de crude russo com desconto, apenas para as reduzir sob a pressão das tarifas e sanções dos EUA este ano.
As empresas indianas deverão assinar um acordo com a Uralchemgroup, o maior produtor russo de potássio e nitrato de amónio, para a construção conjunta de uma fábrica de ureia na Rússia, avançou a Reuters na quinta-feira.
Segundo a agência, os bancos russos Gazprombank (GZPRI.MM) e o Alfa Bank também solicitaram aprovação para iniciar operações na Índia para ajudar Moscovo a impulsionar o seu comércio com a Índia.
“Ou libertamos estes territórios à força, ou as tropas ucranianas deixarão estes territórios”, disse ao jornal India Today. Moscovo controla cerca de 85 por cento do Donbass.
Segundo a agência estatal russa TASS, Putin acrescentou que o Kremlin “libertará Donbas e Novorossiya de qualquer forma – por meios militares ou outros". Jornal da Tarde | 5 de dezembro de 2025
"Terminaremos quando atingirmos os objetivos definidos no início da operação militar especial, quando libertarmos estes territórios. É só isso", sublinhou Putin quando questionado sobre o que constituiria uma vitória para a Rússia no conflito que começou em fevereiro de 2022. Moscovo controla atualmente cerca de 20 por cento do território ucraniano.Apesar das declarações de Putin, as forças russas só conseguiriam tomar toda a região de Donetsk (que fica no Donbass) em agosto de 2027 se mantiverem o ritmo atual de avanço, segundo uma análise do Instituto para o Estudo da Guerra, um observatório de conflitos com sede nos EUA.
Uma das maiores exigências do Kremlin é que a Ucrânia ceda território na região do Donbass, que a Rússia anexou ilegalmente, mas ainda não conquistou por completo. Novorossiya, ou Nova Rússia, é um termo histórico que se refere aos territórios a oeste durante o Império Russo. Putin fez renascer o termo e utilizou-o ao declarar a península ucraniana da Crimeia como parte da Rússia em 2014.
À medida que a Rússia intensifica estas exigências territoriais, que as autoridades ucranianas continuam a rejeitar, o caminho para qualquer acordo parece cada vez mais incerto. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, já afastou a cedência de território.
Os comentários de Putin surgem depois de Donald Trump ter dito que os seus negociadores, que discutem um plano de paz com os EUA, acreditam que o líder russo “gostaria de acabar com a guerra” após as conversações de terça-feira na capital russa.
Para Donald Trump, as conversações de terça-feira no Kremlin foram “razoavelmente boas”, acrescentando que era demasiado cedo para dizer o que iria acontecer, pois “são precisos dois para dançar tango”.
O Kremlin afirmou esta sexta-feira que Moscovo aguardava uma resposta de Washington após a reunião na Rússia.
"Estamos a aguardar a reação dos nossos colegas norte-americanos à discussão que tivemos na terça-feira", disse Yuri Ushakov, conselheiro do Kremlin, citado pela RIA.
O conselheiro do Kremlin acrescentou ainda que não havia planos para uma chamada telefónica entre Putin e Trump, e não tinha sido definida qualquer data para um novo encontro com Witkoff.
A versão original do plano de paz dos EUA propunha a transferência de áreas do Donbass ainda sob controlo ucraniano para o controlo russo, mas a equipa de Witkoff apresentou uma versão modificada em Moscovo.
Na entrevista ao India Today, Putin acrescentou que não analisou a nova versão antes das conversas que manteve com Witkoff e Jared Kushner, genro de Trump. "É por isso que tivemos de rever cada ponto, é por isso que demorou tanto tempo", disse o homem forte do Kremlin.
Afirmou ainda que Moscovo discordava de partes do plano americano. "Em alguns momentos, dissemos que sim, podemos discutir isso, mas não podemos chegar a um acordo", afirmou Putin.O presidente russo não especificou os pontos de discórdia. Mantêm-se pelo menos dois pontos significativos de divergência: o destino do território ucraniano ocupado pelas forças russas e as garantias de segurança para a Ucrânia.
O principal conselheiro de política externa e negociador-chave de Putin, Yuri Ushakov, afirmou logo após as negociações que estas não produziram "qualquer compromisso" sobre o fim da guerra.
Ushakov também deu a entender que a posição negocial da Rússia tinha sido reforçada graças ao que Moscovo considerou os seus recentes sucessos no campo de batalha.
A Ucrânia tem acusado repetidamente a Rússia de obstruir quaisquer acordos de cessar-fogo, alegando que Moscovo procura ocupar mais dezasseis territórios ucranianos.Índia “não é neutra na guerra”
O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, afirmou, por sua vez, ao presidente russo que o seu país não mantém uma posição neutra em relação ao conflito na Ucrânia, mas antes alinha ativamente em prol da paz."Nos últimos dias, sempre que conversei com líderes da comunidade internacional e discutimos este assunto em detalhe, sempre afirmei que a Índia não é neutra. A Índia tem uma posição clara, e essa posição é a favor da paz. Apoiamos todos os esforços em prol da paz", declarou o líder indiano.
A declaração foi feita durante o início das conversações oficiais na cimeira anual que os dois líderes estão a realizar em Nova Deli, Índia.
No seu discurso televisivo na abertura da reunião, Modi enfatizou a urgência de pôr fim ao conflito através do diálogo e da diplomacia.
"Apoiamos uma solução pacífica", afirmou o presidente indiano a Putin, fazendo uma distinção semântica fundamental face às críticas ocidentais que interpretam frequentemente a abstenção da Índia na ONU como indiferença ou apoio tácito a Moscovo. Jornal da Tarde | 5 de dezembro de 2025
A declaração de Modi procura redefinir a posição estratégica de Nova Deli num momento de pressão internacional.
Putin, em resposta, agradeceu a Modi a sua atenção e os esforços que visaram a resolução do conflito.“Tivemos a oportunidade — e vocês deram-me essa oportunidade — de falar detalhadamente sobre o que está a acontecer na Ucrânia e sobre as medidas que estamos a tomar em conjunto com outros parceiros, incluindo os Estados Unidos, rumo a uma possível solução pacífica para esta crise”, realçou Putin.
Para Putin, “à medida que os países e economias crescem, as oportunidades de cooperação expandem-se. Estão a surgir novas áreas: alta tecnologia, trabalho conjunto em aviação, espaço e inteligência artificial. Temos uma relação de grande confiança no domínio da cooperação técnico-militar e pretendemos avançar em todas estas áreas".
Embora a Índia não tenha condenado explicitamente a invasão que começou em 2022 e se tenha tornado o segundo maior comprador de crude russo, o primeiro-ministro insistiu que a solução não virá do campo de batalha.
Índia é o maior importador de armas e petróleo
Putin está na sua primeira visita à Índia em quatro anos, com o objetivo de impulsionar o comércio com o principal comprador de armas e petróleo marítimo da Rússia, enquanto as sanções ocidentais restringem os seus laços de décadas.
As sanções impostas pelo presidente norte-americano, Donald Trump, aos produtos russos devem-se às compras de petróleo russo pela Índia. Moscovo, que tem sido o principal fornecedor de armas da Índia durante décadas, afirmou que deseja importar mais produtos indianos num esforço para aumentar o comércio para 100 mil milhões de dólares até 2030, que até agora tem sido desequilibrado a seu favor devido às importações de energia de Nova Deli.
Desde que os países europeus reduziram a sua dependência da energia russa após a invasão da Ucrânia pela Rússia, a Índia aumentou as suas compras de crude russo com desconto, apenas para as reduzir sob a pressão das tarifas e sanções dos EUA este ano.
As empresas indianas deverão assinar um acordo com a Uralchemgroup, o maior produtor russo de potássio e nitrato de amónio, para a construção conjunta de uma fábrica de ureia na Rússia, avançou a Reuters na quinta-feira.
Segundo a agência, os bancos russos Gazprombank (GZPRI.MM) e o Alfa Bank também solicitaram aprovação para iniciar operações na Índia para ajudar Moscovo a impulsionar o seu comércio com a Índia.